segunda-feira, 16 de maio de 2011

Clamor de uma Trainee

A experiência pessoal de uma estagiária em um programa de treinee transforma-se em um clamor importante dirigido às empresas em consideração aos jovens que fazem a Geração Y. Leia mais.

A “geração Y”, a nova leva de jovens profissionais que emergem no mercado, é principalmente caracterizada pela busca incessante por novas oportunidades e pela ânsia por novos conhecimentos e experiências. Essa pode ser uma “boa pedida” para as organizações que carecem de ideias inovadoras, ousadas ou que precisem oxigenar o clima organizacional.

Não é à toa que muitas empresas escancaram suas portas para esses personagens através dos programas de trainees. A estratégia é simples, benéfica e quando implantada de modo correto, resulta em sucesso tanto para a companhia quanto para os aprendizes selecionados.

Estes resultados, no entanto, só aparecerão na medida direta da dedicação da empresa em “moldar” esse trainee com o fim de que se torne um colaborador efetivo na empresa. Mais do que moldar.  Deve ser um processo de criação de pessoas com os traços e características ideais para integrar o quadro de funcionários do futuro imediato.

Mas há um problema sério. E ele começa quando algumas empresas se esquecem da responsabilidade que devem ter sobre os trainees. Ao abrirem processos seletivos, seus discursos são maravilhosos e impressionam os candidatos. Dizem o quanto poderão aprender e crescer no programa, além de supervalorizar a organização e seus benefícios de apoio ao colaborador.

Mas logo em seguida, esquecem-se destes verbos fantásticos. Quando os pobres e iludidos “futuros da empresa” adentram a organização, deparam-se não apenas com a falta de planejamento das atividades que deverão desempenhar, mas também com a ausência de informações básicas, de procedimentos claros, comunicação e suporte, inclusive da própria equipe de recursos humanos.

É quando torna-se inevitável pensar: "Onde puseram aquele papel com o discurso que fizeram  na seleção? Foi só para atrair candidatos?". Lembro-me de quando disseram: “Você tem um potencial incrível. Aproveite essa oportunidade, pois ela será determinante para o seu futuro profissional”. Dias depois eu pensava: "A que tipo de oportunidade eles se referiam?" (Para quem não sabe, em grande parte das empresas os treinees gastam mais de 50% de seu tempo organizando pastas e arquivando documentos que os efetivos não tiveram competência para organizar).

Se fosse um crime, programas enganosos como estes certamente seriam mais do que roubo.  Talvez uma modalidade de assassinato. Sim, pois por este caminho, algumas empresas estão destruindo o potencial de seus aprendizes, envenenando aos poucos suas mentes para que não sejam criativos, para que não lutem,  que não se esforcem em desenvolver soluções e nem se comprometam  a ponto de valer  a pena  ser ativos.  Nesse estágio da vida profissional, fazer parte de uma folha de pagamento é o que menos importa.

Caros gestores de RH, não permitam que suas empresas destruam as vantagens na geração Y. Não joguem fora aquele papel com o lindo discurso do processo seletivo.  Ao contrário.  Fixem-no  numa parede onde todos leiam e lembrem-se dos objetivos por que um trainee integrou-se à empresa. Deem um basta em ações enganosas. Depois sim, tenham a consciência limpa de que as suas empresas não matam o potencial de ninguém!

Laura Jacob Buchala (É formanda em Administração de Empresas, na Universidade Estadual de Londrina, Paraná, tendo recém chegado de um programa de extensão universitária na Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel)

Portal HSM
09/05/2011

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